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Meu eu

  Hoje quando acordei, uma das primeiras coisas que fiz, foi me olhar no espelho. Vi uma pessoa sisuda, de cenhos franzidos, olhar penetrante, cara de mau! Voltei-me a mim mesmo e perguntei: … sou eu? Lá do mais profundo recanto de meu ser, resoluta, soou uma resposta. Esta é uma versão piorada do pior de você. Você não é assim! Seu interior é belo, generoso, acolhedor, cativante! As pessoas gostam da sua presença. Essa cara que você vê, não é a sua cara. não é a cara que os outros veem em você. Relaxe, não se puna. O mundo precisa de você do jeito que você é.

MÃOS

  Mãos   Não é por acaso que nelas me perco, ao observar e tentar reproduzir em um pedaço de papel. Elas de tão complexas parecem simples, mas em sua simplicidade nos enganam e se tornam difíceis Do gesto grotesco e mal-intencionado, ou da aspereza de um gesto revoltado, porém involuntário, ou ainda da doçura de um acolhimento junto ao peito, oferecendo abrigo, são atos de que são capazes, as mãos! As mesmas mãos que confundem os artistas com tamanha recorrência, camuflando sua participação significativa no todo, o corpo; como se dele não fossem parte importante. São, porém, o instrumento mais precioso na feitura das proezas que nascem do intelecto! As mãos, enfim, são o veículo que leva do artista ao expectador, a mais fiel tradução de inspirações e possibilitam a comunhão de sentimentos e imagens que se materializam!  

Estações

  Eu pensei estar no verão. Aí, chegou alguém e me desencantou! Disse-me bom dia e desejou que meu inverno fosse bom e promissor, com esse friozinho característico (em pleno mês de outubro). Falou também das flores, em clara alusão à primavera. E eu que pensava estar no verão, agora não sei mais onde estou! Que estação é essa? Meu trem não tem bússola, GPS, essas coisas…Navega a esmo. Minhas coordenadas estão sem coordenação, embora ainda sejam coordenadas sindéticas, mas não são absolutas… meu norte, porém, está um pouco voltado para o leste ou oeste, sei lá. Acho que meus pontos cardeais jamais chegarão ao papado. Não orientam ninguém. Enfim, o que importa mesmo, é que voltei.

A ESTRADA

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A estrada da vida não é uma reta contínua e de fácil navegação. Em boa parte do percurso, não tem boa pavimentação, nem sinalização adequada! As placas nem sempre estão visíveis. Muitas são ilegíveis. Algumas sofreram com a ação do tempo, ou foram danificadas por vandalismo. Encontram se em estado precário, requerendo especiais cuidados de interpretação, para não mascarar o seu significado! Nos trechos de serra, as curvas são tão intensas, que parecem confrontar com a pista de volta, em fantástica ilusão de ótica. A estrada da vida não tem volta! Os faróis que ofuscam nossos olhos, na verdade, seguem na mesma direção. No asfalto tem marcas de muitas derrapadas. Mais à frente, sinais de salvamento milagroso, com veículos pendurados no penhasco! Há também sinais de fatalidades! Nem todos tiveram a mesma sorte! Em alguns trechos as ladeiras são desafiadoras. Umas longas demais, outras inclinadas demais. E todas com seus buracos e suas imperfeições, fazem subir a aceleração. Na cabine d...

AMOR CLANDESTINO

Amor clandestino Se eu morrer em teus braços, o que dirão de mim?  Talvez digam que fui um amante apaixonado e que não suportei minha própria paixão. Sucumbi às emoções que um grande amor pode proporcionar e com ele definhei até a morte. Que poderia ter tido melhor sorte, se não me aventurasse nesse amor clandestino. Ou, que me portei como menino, quando descobri o mel de teus lábios! Que me entreguei ao destino e assim, agi porque amei de verdade!   Que te dei felicidade, no aconchego de meus braços. Mas, por ser tão escasso o amor verdadeiro, escolhi um que fosse o  amor derradeiro?   Ou dirão que fui egoísta, tentando te amar, em silêncio, no anonimato?    Dirão que fui leviano? Que não respeitei o meu tempo e que ultrapassei os limites? Que preferi amar em segredo quando o repouso era prescrito?   O que dirão de mim? O que dirão quando estiver prostrado e sem forças para defender-me? Que a paixão me dominou e me encaminhou para a morte? ...
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O DIA! Meus olhos, acabavam de se abrir, após longa noite de sono. Mal sabiam o que ver do novo dia. A janela do quarto, ainda fechada, me impedia de ver lá fora. Então, eu não sabia se o tempo sorria com o brilho do sol, ou se a chuva da noite anterior persistia, confirmando o seu mal humor e estragando planos e expectativas. Nem estas, ainda que positivas, me davam ânimo para o desapego das cobertas. Nem os pensamentos tinham se ajustado em minha mente. Era cedo. Pensei estar acordado, mas ainda dormia. E neste misto de sonambulismo e de sono mal resolvido, levantei-me, ainda com areia nos olhos. Foi o melhor que fiz! Não importa se chove ou se faz sol. O dia é muito curto para ser desperdiçado!   José Assunção da Silva

ESCORPIÃO

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O GUARDIÃO DAS FINANÇAS Eu tinha um escorpião que morava no meu bolso. Era negro, peludo, tinha cara de mau, embora fosse bom sujeito! Ele dizia ser meu amigo, mas toda vez que eu, distraidamente, metia minha mão no bolso, meu amiguinho me dava um beliscão! Ele morava no bolso direito, mas se minha mão esquerda acessasse o respectivo bolso, lá estava ele. Era uma coisa muito doida! Ele guardava todas as minhas moedas. Dizia que era para preservar a minha estabilidade, construir o meu futuro! Um dia eu quis fazer uma extravagância; comprar um mimo para mim mesmo, um relógio de grife. Quando tentei pesquisar os meus “fundos”, ele, lá do fundo esbravejou. Rosnou como um cão raivoso, afiou suas garras e me espetou com determinação! Isso me desencantou. Perdi o amor que tinha pelo bichinho. Como vingança, parei de alimentá-lo com minhas moedas. O bicho foi se enfraquecendo, definhando até a morte. Desde então, minhas economias ruíram, como maldição. Agora, desesperado, procuro um substit...