A ESTRADA
A estrada da vida não é uma reta contínua e de fácil navegação. Em boa parte do percurso, não tem boa pavimentação, nem sinalização adequada!
As placas nem sempre estão visíveis. Muitas são ilegíveis. Algumas sofreram com a ação do tempo, ou foram danificadas por vandalismo. Encontram se em estado precário, requerendo especiais cuidados de interpretação, para não mascarar o seu significado!
Nos trechos de serra, as curvas são tão intensas, que parecem confrontar com a pista de volta, em fantástica ilusão de ótica. A estrada da vida não tem volta! Os faróis que ofuscam nossos olhos, na verdade, seguem na mesma direção.
No asfalto tem marcas de muitas derrapadas. Mais à frente, sinais de salvamento milagroso, com veículos pendurados no penhasco! Há também sinais de fatalidades! Nem todos tiveram a mesma sorte!
Em alguns trechos as ladeiras são desafiadoras. Umas longas demais, outras inclinadas demais. E todas com seus buracos e suas imperfeições, fazem subir a aceleração.
Na cabine do piloto, cheira a borracha queimada. Ora descendo ora subindo… buracos pelo chão fazem trepidar e espalhar pedaços de nossas engrenagens!
Escapamentos se aquecem, escapam, rolam ladeira abaixo! O motor grita, temperatura sobe, o carro balança!
Vez por outra perdemos o freio, descendo a ladeira, em carreira desabalada! Morro abaixo, cortando curvas em atalhos forjados pela velocidade descontrolada. Rasgando o mato das beiradas, subindo nos barrancos, atropelando o tempo! Matando bichos, assanhando insetos, Riscando o carro!
Nas planícies, a viagem é mais suave. Na estrada da vida também tem descanso! Pausa para um café, trocar ideias, fazer reparos, redefinir estratégias. Tem paradas amplas com serviços qualificados, banho quente, ar condicionado…. Tem parada meia boca, com serviços baratos, improviso, problemas….
No painel, o controle do tempo e da distância percorrida indicam que pode haver muita estrada pela frente. Ou que faltam algumas poucas curvas antes de alcançar a reta final.
A dimensão do que falta não é medida com precisão. É apenas um indicativo! É, pois, hora de andar devagar….
José Assunção da Silva
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