NOITES DE MONTE VERDE
NOITES
DE MONTE VERDE
Capítulo 1 - Conhecendo Monte Verde.
É noite. Lá fora o frio ensaia o seu reinado do ano de 2016. Ainda é cedo para isso, pois ainda estamos em fevereiro. Fevereiro é tempo de chuva, de carnaval, de calor. De frio jamais! Porém, estamos em Monte Verde. Uma cidade fincada ao sul de Minas Gerais, no alto da Mantiqueira. Aqui o frio é permitido a qualquer tempo. Ao meu lado está minha doce Eloisa. Depois de um dia semiagitado, enfim o aconchego das cobertas quentinhas da pousada Cantos e Contos. Eloisa dorme. Na telinha, a regra do jogo incendeia as emoções! O pobre Romero arde no inferno, sem o perdão de Dante.
Capítulo
2 - Relembrando Monte Verde
Passaram-se três anos e meio; é novembro de 2018. Estamos em casa, no coração da Vila Prel, muito longe de Monte Verde. Parece que nada mudou. Lá fora o frio continua. No quarto, o sono tranquilo de Eloisa me convida ao cochilo, sob as cobertas quentinhas. Aqui, o computador requer minha atenção para que possa registrar esse momento. Ao embalo de George Duke, viajo no tempo. Olhando um pouco adiante, avalio o que me aguarda... Em breve estarei aposentado! Deverei construir uma nova rotina? Levantar tarde, dormir cedo, antes de dormir, caminhar pela cidade ou pelo campo... sei lá.. onde estarei? Dormir aos domingos, pescar às segundas, viajar na quarta...ficar quatro dias, ficar 15 dias, o que importa? Se não sou o dono do tempo, no máximo, sou escravo da preguiça! Ainda bem que no meu caso, a inatividade é um direito adquirido!
Capítulo 3 - Ainda falando de Monte Verde
Estamos em julho de 2021. Sempre que posso, visito esta página. Ela se tornou uma espécie de diário, só que escrita a cada três anos! Isso é engraçado, porque quando comecei a escrevê-la, essa ideia não me passou pela cabeça. Na verdade, lembro-me bem, que enquanto contemplava o sono de Eloisa naquelas frias noites de Monte Verde, tive vontade de escrever até que o sono viesse me fazer companhia. O sono demorou a chegar. Mesmo assim, a despeito do vasto tempo que tive, não consegui desenvolver grandes trabalhos. Então meu relatório ficou restrito a um singelo parágrafo, que hoje batizo de Capítulo 1. Voltando ao presente, estamos em julho de 2021. Lá fora o frio se repete mais uma vez. Agora bem de acordo com as previsões e longe da extemporaneidade.
Capítulo 4 - A Pandemia do Corona vírus
Vivemos um ano atípico. Estamos no segundo ano de uma pandemia desenfreada, que se instalou no mundo inteiro. Surgiu na Ásia no final do ano de 2019. Em pouco tempo, se alastrou pelo mundo. Desde então não parou de fazer vítimas.
Cientistas do mundo todo trabalham com afinco, em busca de drogas que consigam combater o poderoso vírus. Porém, a cada ataque da ciência, surge um contra-ataque do vírus, em forma de mutação genética. Ainda assim, a indústria farmacêutica tem produzido vacinas, que mesmo não podendo garantir a vitória definitiva, é um alento para a humanidade! De acordo com os fabricantes, na maioria dos casos serão necessárias duas doses de vacina, para cada pessoa.
O Brasil possui uma população estimada em duzentos e dez milhões de pessoas. Até o momento, foram aplicadas duas doses de vacinas em pouco mais de 14% da população, e uma dose em outros 39%. Considerando o panorama global, o número de aplicações disponibilizadas pelo governo brasileiro é muito baixo.
Alguns países europeus já estão em estágio bem mais avançado. Com praticamente 100% da população imunizada, estão voltando às suas atividades rotineiras. Enquanto isso, no Brasil, encontra-se em andamento, uma CPI para a apuração de responsabilidades. O alvo como sempre, são os políticos do alto escalão e empresários mal-intencionados. Classes recheadas de membros que não têm respeito pela população, nem pelas regras institucionais. Estão sempre envolvidos em aquisições fraudulentas e medidas equivocadas, seja por fraude ou por incompetência!
E o povo aguardando um milagre, porque não pode mais contar com a coerência nas decisões de nossos governantes. Esses, preferem ostentar sua força, tomando medidas vez por outra acertivas, apenas porque contrária a de seu oponente! A queda de braço em joguinho particular é mais importante que o próprio resultado das ações.
No momento, o resultado esperado é a erradicação da doença, ou pelo menos, a proteção eficiente contra ela, a vacina. Mas, esse cenário, ainda não se pode vislumbrar no horizonte! Prova disso, são as insistentes recomendações do governo, no sentido da manutenção dos cuidados, mesmo após a imunização.
Em outras palavras, essas recomendações indicam, que a vacinação que recebemos, não garante a esperada cura.
Capítulo 5 - Prognósticos
Não fosse o alto índice de contaminação, o grande número de vidas perdidas em nosso país, e as consequentes medidas dos governos para o enfrentamento da famigerada peste, não estaríamos aqui, tratando de assunto tão indigesto! Afinal, bom mesmo é falar de viagens, e de coisas que ocorrem na vida, mas que não tem o condão de atrair para si, todas as atenções, em detrimento dos outros assuntos igualmente relevantes.
No último "insight", eu me preparava para merecida
aposentadoria. Quanto ao futuro, fazia prognósticos baseados em palpites
meramente intuitivos. Pois bem, hoje me encontro efetivamente aposentado.
E o que tenho feito?
Até agora, nenhuma incursão por rios e mares para ativação da adrenalina, ao fisgar um robalo de médio porte. Ou simplesmente, ver a ponta da vara envergando, envergando até tocar a água! Sentir o peso e a força do peixe lá embaixo!
Também não tenho viajado. Não por ter retirado do meu cardápio essa opção, mas por força do recolhimento a que fomos submetidos.
Entretanto, a despeito de toda adversidade, encontrei algo de positivo no meio dessa saga, que resultou em importante mudança no meu modo de vida. Resolvi transformar dia em noite e noite em dia! Passo dias e noites escrevendo.
Escrevendo, supero a frustração da não viagem, viajando nas palavras que escrevo!
Capítulo 6 – Obrigado TIETA!
Um fato novo se impõe exigindo espaço, não podendo ficar sem registro. Nossa tia RISOLETA REIS COSTA dorme em um leito de hospital, o seu último sono! Dorme tranquila, parece não ter dor. Certamente ela sabe, assim como nós sabemos, que se aproxima a hora do seu reencontro com o criador. Nós, seus sobrinhos, nos mantemos em vigília, consternados e agradecidos, pelos favores que ela nos prestou a vida inteira, com sua generosidade.
Agora, seu corpo debilitado, já não se move. Suas mãos não acenam, sua boca não pronuncia palavras, e seus ouvidos não nos ouvem mais. Mas também não precisa, porque já fizemos, em outros tempos, muito barulho em seus ouvidos.
É hora de silêncio, em sinal de respeito, gratidão e admiração!
Em nome do nosso pai, que não sai de minha memória, em nome de nossa mãe, que também partilhou de sua companhia e com quem tinha enorme afinidade e em nome dos primos e primas, que não puderam estar aqui com ela, enquanto o coração pulsava forte, nem agora, enquanto se preparava para a última viagem, nosso agradecimento.
Por ter nos ofertado seu amor. Por ter dedicado sua vida aos nossos cuidados, por fazer de nós, seus filhos, mesmo quando ainda tínhamos nossos pais, sendo a eles solidária! Nós seremos eternamente gratos! Obrigado TIETA!
Capítulo 7 - Reabertura
Quando menos se espera, a história recomeça. Desta vez, infelizmente, a narrativa tem tons de melancolia. Já não vejo minha parceira com a “doce” Eloísa. Ao contrário, seu semblante e sua fala, agora tem tons de amargura. E o pior é que eu sou o único culpado. Deixei me levar pela astuta armadilha da vaidade e me entreguei a um relacionamento ilegítimo,
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