ROMÂNTICO OU ALIENADO?
Creio que sou mesmo alienado. Enquanto todos falam de uma terrível doença, que assola o mundo todo, eu, blindado no meu mundo romântico, insisto em falar de amor.
Não me interessa, quantas vítimas
foram acometidas por essa praga! Quantos filhos ficaram desamparados, quantos
lares foram destruídos. Na verdade, eu já sofri por eles!
Cabe aos governos cuidar desses
casos. Dar amparo aos necessitados; criar medidas efetivas de combate à doença;
prover mecanismos de defesa e proteção para o povo. Não é hora de se esconder por
traz da blindagem de liminares e salvo condutos, em detrimento da miséria e do
extermínio dos indefesos! É preciso tomar medidas, que transcendam os
interesses políticos e deem respaldo à vida dessa gente.
Sobre isso, muita gente está
falando. Então não preciso me alongar. Não sou insensível, muito menos sádico,
mas entendo, que bastam os especialistas. Eles podem melhor do que eu, tratar desse tema. E que tema amargo!
É o assunto do momento! Jamais vi um momento tão persistente, tão prolongado! Vara dias, noites,
semanas, meses… já faz mais de um ano e o momento não passa! Quem dera, fossem
assim os momentos de prazer, ao presenciar o surgimento de um dia ensolarado, a
canção relaxante das águas, rolando cachoeira abaixo; o beijo prolongado
na mulher amada; o clímax, que concretiza e valida o ato de amor...Imagine! Os
corpos desgovernados, entrelaçados um no outro. Há quem diga: poderia morrer
nesse momento! Mas, se o momento pudesse ser assim tão elástico, até a morte
seria prazerosa, desde que fosse, morrer de amor. Porém, isso é apenas o devaneio
de um homem sonhador. Quem dera, pudesse deixar se abraçar pelos braços da
morte, para eternizar um único momento de amor!
José Assunção da Silva
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