Ludibriado pela
aparência sedutora da garrafa, quis fazer dela, minha companheira no café das
próximas manhãs de inverno, que ainda estariam por vir.
Ao chegar em casa,
preparei o pãozinho, o suco de frutas feito na hora, e generosa porção de mamão,
regado com o mel recém adquirido.
A mesa estava convidativa!
Sem mais cerimônias, sentei-me à mesa, já sentindo de antemão, o gostinho delicioso das iguarias postas.
Foram momentos gloriosos, aqueles que antecediam a primeira fatia de mamão. Porém, logo no primeiro encontro entre aquela fruta melada e as minhas papilas gustativas, ruíram de imediato, todas as boas expectativas reservadas para aquele momento!
Fiquei decepcionado. O
mamão que eu preparara com tanto esmero estava perdido. Sua cobertura carregava
o imponente status de Mel das floradas silvestres! Mas aquele melado, não
poderia jamais, ser atribuído ao magnifico trabalho de uma abelha. A meu ver,
aquilo não passava de calda de açúcar! Provavelmente, um açúcar dos mais ordinários,
que não se envergonha de ocupar um lugar que nunca lhe pertenceu, engajado em
causa tão desprezível!
Minha indignação, entretanto, não é meramente pela perda do valor gasto na malfadada aquisição, mesmo porque, uma garrafa de melado de açúcar, não pode ser tão prejudicial ao bolso, quanto foi, pelas circunstâncias, prejudicial ao meu humor!
Em outras palavras, não fiquei mais pobre por isso. O que me aborrece, é ter me deparado com tamanha pobreza de espírito, de quem se dá a esse trabalho, para ganhar míseros centavos a mais, enganando pessoas, em total demonstração de desrespeito aos valores morais, já totalmente esquecidos!
Da planície ao planalto, a cultura da fraude se espalha e se ramifica. As mazelas, os conchavos, os apadrinhamentos e toda sorte de falcatruas, são práticas corriqueiras!
Não sei por que me
espanto! Esse é o retrato do nosso
Brasil.
José Assunção da Silva
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