ANTÍTESE
Hoje serei o agente da antítese. Costumeiramente, não sou daqueles que tudo contesta, só para ser contrário à ordem. Quando sei que meu questionamento não trará benefícios, não costumo questionar, mesmo nas questões mais óbvias! Mas hoje, até para contrariar a minha própria essência, eu serei a razão do contraditório. Quero dar vida à discórdia, alimentar a inquietação, mexer com o que está quieto, provocar. Levarei dúvida, onde a certeza já se instalou!
Dizem, que neste mundo, só uma coisa é cem por cento certa. Você sabe qual é. Sei também, que você concorda e até aceita, porque não sabe como mudar. Mas se pudesse, você mudaria. Eu também. Mas, contra essa realidade, eu não tenho argumentos. Nesse caso, para não ser taxado de louco, prefiro ficar em silêncio. Como se diz por aí: “aceita que dói menos”!
A propósito, eis aí a primeira altercação.
Impossível ficar em silêncio. O silêncio não existe. Se discorda, tente se trancar em um ambiente a prova de som, e manter se em silêncio absoluto. Você não conseguirá! Você pode até ter a ilusão de não ouvir nada, por algum tempo. Mas, não tardará em ouvir a própria respiração, ou até mesmo outros sons. E aí você me dará razão. Onde há vida, o silêncio não sobrevive! O silêncio então, relembrando minhas saudosas aulas de matemática, faz parte do conjunto vazio. Isto é, não faz parte de nada, porque não existe vazio. (Vazio é apenas um conceito que se criou, para dar sustentação à teoria dos conjuntos).
Um espaço, em dado momento, pode parecer vazio. Mas, quando você se atenta a todas as possibilidades, percebe que a despeito das aparências, ele sempre estará cheio, mesmo que seja de nada! Se alguém tentar esvaziar um recipiente, este estará cheio de ar, porque o ar é um intruso que cabe em todo lugar.
Surge então, o conceito de vácuo. Definido pela física como espaço onde não existem moléculas ou átomos, o vácuo é tão invisível quanto o ar, e, sua existência só poderá ser admitida, quando ao mesmo tempo, em determinado espaço, houver total ausência do ar ou de outra matéria.
Percebe-se, que a própria condição para que seja admitida a existência do vácuo é que determinado espaço esteja totalmente vazio. O vácuo ocuparia este espaço.
Portanto, se ocupa espaço, não pode ser desconsiderado! Ou seja, não se pode afirmar que aquele espaço é desprovido de matéria. Não se pode dizer que ali não há “nada”.
Ao final dessa longa e tola discussão, você pode se perguntar: Para que serve tudo isso? Porque discutir sobre conceitos de cheio ou de vazio, da existência ou não do silêncio, da definição do vácuo? A resposta é simples. Não serve para nada. Mas para alguma coisa serviu. Você interagiu comigo, e eu, cheguei à conclusão de que:
- seja por convicções religiosas ou por constatações científicas, a única certeza absoluta é que todo ser tem um ciclo finito. Em outras palavras: certeza incontestável, só a morte;
- Dentre os seres vivos, é impossível o silêncio absoluto;
- O vazio só existe diante dos olhos, porque o espaço pode ser preenchido por matéria invisível;
E se você chegou até aqui, eu alcancei pelo menos um dos meus objetivos.
E você, o que achou? Por favor, v á até os comentários e conte pra mim .
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