O vaso chinês

Enquanto ele esteve ali, em algum canto da sala, do terraço, ou enfeitando a mesa de jantar, ostentava em suas faces externas, uma série de caracteres que sempre me intrigaram. Toda vez que olhava para ele, saltavam me aos olhos, aquelas letras elegantes e para mim, totalmente enigmáticas. (A única certeza que eu tinha, era sua origem oriental, dado à forma inconfundível daqueles caracteres). Porém, apesar da curiosidade em desvendar o real significado, jamais me ocorreu a ideia de procurar em algum tradutor, a solução do mistério

Eis que certo dia, um temporal assolou a cidade. Primeiramente, chegou o vento furioso, varrendo tudo que se encontrava em seu caminho. Parecia apressado e determinado a chegar ao seu destino, seja lá qual fosse!  

Em seguida veio a chuva. Descia densa do céu. 

Ao cair, produzia uma espécie de vapor acinzentado que se desprendia do solo 

Na avenida, não se via viva alma! Quem um pouco antes se encontrava ao relento, logo tratou de se abrigar.  

O medo produz respeito e juízo nas pessoas. E a natureza, às vezes, mete medo! 

 

Alguns minutos se passaram. Foi um tempo de tensão e angústia! Poucos dias antes, algo semelhante havia acontecido, pegando a todos de surpresa!  Arvores indefesas, não puderam se abrigar. Sucumbiram e se viram transformar de vítimas em vilãs!

 

Então, antes de presenciar uma nova queda de energia, tratei logo de garantir um banho e fui dormir. No dia seguinte, ao acordar, percebi tudo calmo. Mas no terraço, terra e folhas pelo chão.  

E os cacos de um vaso quebrado, mas com suas inscrições intactas!  

 

“As flores desabrocham e a riqueza chega. Os bambus anunciam a paz!” 

 

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