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O MUNDO DAS PALAVRAS

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Hoje em dia está muito fácil escrever. O word não permite que você erre, nem quando você erra deliberadamente.   Quase chega a ser invasão de privacidade! É como se alguém pegasse a chave de seu apartamento e lá promovesse uma faxina, tirasse todo o lixo, substituísse a mobília e deixasse seu apartamento com a cara de alguém super organizado. Coisa que você não é. Aí, seus amigos vêm lhe visitar, encontram uma casa perfeita, parecendo ter saído de um cenário hollywoodiano, especialmente preparado para o evento mais aguardado do ano! Ficam, por alguns momentos, atônitos. Não sabem o que falar... Depois, recuperam-se, dirigem-lhe seus olhares ainda surpresos e dizem: Nossa, você se esmerou, hein! Tudo isso para nos receber? Não precisava tanto! Nós somos pessoas simples. Sabemos que você vem de berço humilde. Como exigiríamos tanto de você? E o pior: como vai conseguir manter tudo isso? Você não se endividou por nossa causa, não é? Quando você vem da pobreza, não adianta! Você pr...

Persona

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PORQUE SOMOS DIFERENTES Mesmo que o clima insista em nos submeter ao jugo de sua crueldade, não preciso sentir, na mesma intensidade, o frio ou calor que você sente! Porque somos diferentes. E por sermos diferentes, o seu sofrimento, pode ser o meu regozijo, mesmo que eu não o queira mal. E você pode delirar de felicidade, enquanto eu me debato em desespero, ao beber da mesma taça. Ao experimentar o mesmo vinho! Minha individualidade, não se restringe ao número do meu CPF, ou do meu RG. Não é negociável, tampouco transferível, assim como também é a sua, mesmo que você não perceba ou não aceite essa verdade! Viva a sua vida da forma que lhe apraz. Molde-a de acordo com suas crenças e procure ser feliz com suas escolhas. Eu escolho o meu próprio conceito de felicidade! Não se entristeça, se por acaso não conseguir me convencer. O seu “modus vivendi” pode ser demasiadamente sofisticado, para minha humilde compreensão!   José Assunção da Silva  

A HORA CHEGOU!

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A mais de 2000 anos, pressentindo a chegada dos soldados romanos para prendê-lo, Jesus disse: “Pai, é chegada a hora”. A partir daí, tornou-se expressão comum, sempre que se aproxima o momento crucial de algum evento importante. Seja no exato momento em que começa uma partida de futebol, ansiosamente aguardada pelos torcedores, seja na hora do embarque do viajante, ao se despedir de seus parentes e amigos, ou na hora da prova final na faculdade e tantas outras situações análogas, mas principalmente, naquele momento fatídico, que determina o final da existência de uma pessoa, costuma se dizer: “A hora chegou”! Entretanto, é possível emprestar a ela, uma conotação mais espirituosa e tornar mais leve o ônus da perda! A intenção aqui, é dar a essa expressão tão intimidadora, um significado mais suave e mais agradável, de forma a distanciar-se de seu verdadeiro significado! A hora chegou. Chegou bem agora, mas já pensa em ir embora! Veio acompanhada de minutos e segundos. Não trouxe terceir...

OBRIGADO TIETA!

 O BRIGADO TIETA! Um fato novo se impõe exigindo espaço, não podendo ficar sem registro. Nossa tia RISOLETA REIS COSTA dorme em um leito de hospital, o seu último sono! Dorme tranquila, parece não ter dor. Certamente ela sabe, assim como nós sabemos, que se aproxima a hora do seu reencontro com o criador. Nós, seus sobrinhos nos mantemos em vigília, consternados e agradecidos, pelos favores que ela nos prestou a vida inteira, com sua generosidade. Agora, seu corpo debilitado, já não se move. Suas mãos não acenam, sua boca não pronuncia palavras, e seus ouvidos não nos ouve mais. Mas também não precisa, porque já fizemos, em outros tempos, muito barulho em seus ouvidos. É hora de silêncio, em sinal de respeito, gratidão e admiração! Em nome do nosso pai, que não sai de minha memória, em nome de nossa mãe, que também partilhou de sua companhia e com quem tinha enorme afinidade e em nome dos primos e primas, que não puderam estar aqui com ela, enquanto o coração pulsava forte...

SONHO EM PRETO E BRANCO

Quando tudo terminar, ao chegar em casa, vou tirar o boné, a camisa listrada e o tênis suado!   Tudo nessa ordem. Como quem após um dia de trabalho duro no escritório, tirasse a gravata, o paletó e os sapatos, para então afundar-se no sofá em frente à TV, empunhando um copo de whisky doze anos! Será um dia quente e seco, já beirando o pôr do sol! Ou talvez, uma noite ainda jovem e iluminada pela lua cheia! Quero encontrar farta mesa, decorada com velas em castiçais, porcelanas, pratas e cristais, vinhos, doces, e salgados aos montões! Os amigos sorridentes e triunfantes, empunhando taças bem geladas, servidas com espumante fino. Alguns a cantar nosso hino! Outros, com os braços erguidos em brinde e a garganta afiada gritando galo, galo, galo!   Quando eu tirar a gravata, o paletó e os sapatos, tudo estará consumado! Minha voz consumida! Mesmo assim eu cantarei, ainda que falhe a garganta! Acenarei aos meus adversários, olhando os de cima. Não importa como reagirão ao m...

Ponto de Equilíbrio

Ponto de Equilíbrio Às vezes,  a margurado, escrevo para relaxar, na tentativa de afastar a amargura. Nessas horas, deixo escapar de mim a sensação mais pura, da compreensão do que sou e do que posso ser! Sem perceber, confesso a minha pouca importância. Me sinto pequeno! Outras vezes, em êxtase, escrevo para extravasar minha euforia, derramar meu contentamento e exacerbar minha paixão. Nessas horas, tenho outra definição de mim mesmo. Não importa se o que sou, é menos do que posso ser! Saber do que posso me anima. Me sinto grande! Quando livre da amargura e da euforia, reconheço em mim, não só as fraquezas, nem só as grandezas. Estou equilibrado e sei bem do meu valor! Passo a olhar o mundo de fora! Sinto-me dele, o dono, não um servo. Pulsam em minhas veias, a força e o poder que aflora! Estou pronto!   José Assunção da Silva  

DIAS IGUAIS

DIAS IGUAIS Sentado na varanda de meu apartamento, domingo pela manhã, fiquei a contemplar a avenida, lá embaixo. O tempo todo, tal qual em uma marcha de cadetes, o trânsito fluía sempre no mesmo ritmo, no mesmo compasso! Vez por outra, uma buzina impaciente, uma freada mais brusca, uma acelerada ali ou acolá! Carros de variadas marcas e modelos, nas duas direções da movimentada via! Na terça feira, me sentei novamente na varanda. Observando o movimento dos carros e das pessoas, percebi que passavam muitos carros, de muitas marcas e modelos diferentes, em um ritmo constante, salvo uma ou outra pequena variação, assim como da outra vez que os observara. Até o “ali” e o “acolá” estavam presentes, com suas freadas e aceleradas! Percebi, que eventualmente, os carros poderiam ser os mesmos que eu vira no domingo! Que talvez, estivessem ocupados pelas mesmas pessoas, e ainda, que pudessem estar vindo das mesmas origens! Quiçá, seguindo para os mesmos destinos! Hoje, cujo dia da sem...