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ESCORPIÃO

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O GUARDIÃO DAS FINANÇAS Eu tinha um escorpião que morava no meu bolso. Era negro, peludo, tinha cara de mau, embora fosse bom sujeito! Ele dizia ser meu amigo, mas toda vez que eu, distraidamente, metia minha mão no bolso, meu amiguinho me dava um beliscão! Ele morava no bolso direito, mas se minha mão esquerda acessasse o respectivo bolso, lá estava ele. Era uma coisa muito doida! Ele guardava todas as minhas moedas. Dizia que era para preservar a minha estabilidade, construir o meu futuro! Um dia eu quis fazer uma extravagância; comprar um mimo para mim mesmo, um relógio de grife. Quando tentei pesquisar os meus “fundos”, ele, lá do fundo esbravejou. Rosnou como um cão raivoso, afiou suas garras e me espetou com determinação! Isso me desencantou. Perdi o amor que tinha pelo bichinho. Como vingança, parei de alimentá-lo com minhas moedas. O bicho foi se enfraquecendo, definhando até a morte. Desde então, minhas economias ruíram, como maldição. Agora, desesperado, procuro um substit...

ANTÍTESE

Hoje serei o agente da antítese. Costumeiramente, não sou daqueles que tudo contesta, só para ser contrário à ordem. Quando sei que meu questionamento não trará benefícios, não costumo questionar, mesmo nas questões mais óbvias! Mas hoje, até para contrariar a minha própria essência, eu serei a razão do contraditório. Quero dar vida à discórdia, alimentar a inquietação, mexer com o que está quieto, provocar.   Levarei dúvida, onde a certeza já se instalou! Dizem, que neste mundo, só uma coisa é cem por cento certa. Você sabe qual é. Sei também, que você concorda e até aceita, porque não sabe como mudar. Mas se pudesse, você mudaria. Eu também. Mas, contra essa realidade, eu não tenho argumentos. Nesse caso, para não ser taxado de louco, prefiro ficar em silêncio. Como se diz por aí: “aceita que dói menos”!  A propósito, eis aí a primeira altercação. Impossível ficar em silêncio. O silêncio não existe. Se discorda, tente se trancar em um ambiente a prova de som, e manter s...

MINHA LEGIÃO DE LEITORES

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  Estou incomodado. Mesmo com tantas ocorrências mundo afora, faltam-me assuntos; nada para postar. Pelo menos, nada digno de meus preciosos leitores. Meus leitores não são muitos, mas são preciosíssimos. Em recenseamento recente, apurei mais de cinco! Pode parecer pouco, mas cinco, às vezes, representa o máximo que se pode ter em algumas situações. Por exemplo, os dedos de cada mão. Não dá para ser maior do que cinco. Seria uma anomalia! As notas dos jurados em concursos musicais, geralmente vão de zero a cinco. Os dias úteis também são cinco. Claro que para mim todo dia é útil, principalmente sábados e domingos, mas, de acordo com as convenções, dias úteis são cinco! Então, cinco pode ser o equivalente a cem. Assim, meus queridos cinco leitores, para mim, vocês são cem. E, sem dúvida, representam minha melhor performance! Isso é motivo suficiente para não os decepcionar. Vamos lá. Falaremos sobre a ausência de ideias. Não é a primeira vez que passo por situação semelhante. Em u...

A COMUNIDADE E A PRETENSA BURGUESIA

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A pessoa adquire um apartamento em um daqueles condomínios bem básicos, de uma dessas tantas cooperativas que existem por aí. O condomínio é simples. Não tem itens de luxo como espaço “fitness”, espaço “gourmet”, área “pet”, piscinas, “play grounds”, salão de festas, jardins elegantes de algum paisagista de nome pomposo, quadras disso ou daquilo… Os moradores são pessoas simples. Aos domingos tem animada mesa de truco, ali nas escadarias, na entrada do prédio. Quem chega, pede licença, um pezinho aqui, outro acolá, vai com Deus! Quem quer brincar, para e senta-se no chão, como todos ali. Não tem frescura! Todos se conhecem, todos se cumprimentam! Organizam as próprias festas, vão juntos nadar na Praia Grande uma vez por ano (de excursão). Lá, fazem a “vaquinha” da farofa, jogam futebol de areia, e, do seu jeito, tornam o convívio bastante agradável! Desavença? De vez em quando uma rusguinha, por causa do jogo entre Corinthians e Palmeiras. Depois passa! Porém, quando passa pelos pompo...

DEVANEIOS

O corpo adormece, esmorece, parece não existir! Estava acordado, mas na verdade dormia! Enquanto dormia, tentava. Mas não fluía! Escutava, mas não ouvia. Enfim, não sabia de nada. E nada acontecia! Foi como correr na esteira. Lenta ou acelerada, não leva a nada! Nem é corrida, nem é parada! Asneira! Caminha, corre, trota, mas não sai do lugar! Para que continuar? É estar anestesiado e não sentir, Fechar os olhos e não dormir. De olhos abertos não vê! Eu olhava e não via. Onde está meu celular, que tudo registra?                   Só agora notei sua ausência improvável. Ele não está comigo! Terá sido levado enquanto dormia? Nem sei se dormi.  Nem mesmo eu estava comigo! Estive longe, sem sair daqui. Se alguém entrou no quarto, não percebi. Eu não saí. Mas não estava aqui! José Assunção da Silva

Reflexão

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Eu não sei se penso como penso porque sou velho. Eu não sei se fosse jovem, aprovaria o que faz a juventude. Talvez, sendo jovem e pensando como penso, fosse chamado de velho, mesmo não sendo.  Mas, se sendo jovem fosse chamado de velho, poderia envelhecer sem medo, porque pelo menos a atitude eu já traria comigo! Concluo que não sou um moço velho porque envelheci por inteiro. Então sou um velho, velho. Com crenças velhas, costumes velhos, conceitos velhos, velhos sonhos. De novo em mim, nada mais. Nem o espírito! Mas não troco minha velhice consciente pela incerteza da juventude desvairada!   José Assunção da Silva

Meu pequeno Rei

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  Meu pequeno Rei   Você aguardava tranquilo a luz da vida, enquanto todos nós, pai, mãe, tios, tias, vovôs e amigos, um batalhão de pessoas, todas ansiosas e preocupadas, aguardávamos na expectativa de ver seu rosto e ouvir o seu primeiro choro. Fazíamos prognósticos, imaginando qual seria sua aparência, o tom da sua pele, a intensidade do seu choro, os traços marcantes e com quem esses traços se identificariam, seu tamanho e peso, dado à composição genética que teria herdado, enfim.   Foi nesse cenário que lhe fiz minha primeira homenagem. Mais do que isso, fiz um apelo, carregado de muita emoção e sentimento, na esperança de que não se confundisse com um mero amontoado de palavras pronunciadas ao acaso, sem propósitos e sem compromissos.   Quis que minha voz ecoasse pelo mundo, para que o mundo soubesse que em breve nasceria o pequeno Davi, homologando-me na condição de avô. Postei no meu Blog, então ativo, mas que hoje se encontra em vias de ser extinto. E e...